Todos felizes, mas a empresa não vende, por Luiz Marins
Conheço uma empresa em que as pessoas são simpáticas e sorridentes umas com as outras; todos os dias têm uma festinha de aniversário. Os funcionários têm uma caixinha para comprar chocolates, bombons, bolos e biscoitos. Às sextas-feiras há um happy hour onde todos se confraternizam.
O problema dessa empresa é que ela não dá resultados. Os clientes reclamam da qualidade dos produtos e dos serviços e estão indo, um a um, para a concorrência. Os vendedores não vendem e as poucas vendas que fazem são com descontos e prazos que comprometem o caixa. O fluxo de caixa é negativo. Isso sem falar da inadimplência que está em níveis insuportáveis. A empresa está no vermelho, com prejuízo e corre o risco de quebrar.
O que me impressionou é que os funcionários parecem não ter a menor percepção da difícil condição da empresa. Eles parecem estar num clube! A alegria é geral e visível. Os gerentes e supervisores fazem brincadeiras o tempo todo e os funcionários agradecem os salários, os benefícios e as excepcionais condições de trabalho que têm. Não há discussão nem desavenças entre diretores.
Quando apontei alguns problemas internos, os diretores disseram que nada daquilo poderia ser modificado, pois iria afetar a harmonia entre os departamentos, maior patrimônio da nossa empresa. Quando expliquei que a empresa estava indo para o buraco e que não sobreviveria sem uma ação urgente, eles desconversaram o tema e me convidaram para mais uma festinha no terceiro andar….
O pior de tudo é que conheço muitas empresas com esse perfil. Todos muito felizes, mas a empresa não tem resultados. Os únicos infelizes são os acionistas, os donos, os que lá colocaram o seu capital e seu esforço inicial.
É óbvio que a harmonia é desejável, mas ela não pode ser maior do que os resultados, que o retorno aos acionistas, que a qualidade dos produtos e serviços, que a satisfação dos clientes. É claro que é sempre desejável que a empresa ofereça elevadas condições de trabalho, mas os colaboradores devem compreender que, na empresa, a harmonia, a alegria e a amizade não podem ser um fim em si mesmas. Ela deve ser um meio para conquistar, manter clientes e obter resultados.
Pense nisso. Sucesso!