Seja original, cometa erros novos!
Por Claudio Odri, para o LinkedIn
São dias bicudos. A política frusta e desanima. A economia, instável e insegura, não anima. No varejo nos viramos como podemos para sobreviver e seguir adiante. Essa é a vida e seu ofício. Em tempos de crise, o efeito colateral do desemprego aparece disfarçado de oportunidade. É quando passa pela cabeça de muitos que é chegada a hora de ser dono do seu próprio negócio. Será?
O momento parece conspirar à favor desse movimento e dá sinais. As grandes empresas, para reduzir custos, oferecem os famosos planos de demissão voluntária com benesses extras àqueles que aderirem ao programa.
Aprendi desde cedo que só não erra quem não faz. Na imprensa, semanalmente, temos reportagens sobre o mercado de trabalho e as saídas virtuosas de alguns. Ao invés de ajudar, essas histórias alimentam a insegurança dos prudentes e a ousadia daqueles mais arrojados. Certamente, no nosso circulo de relacionamento, vemos prudência e arrojo em colaboradores ou líderes, em proprietários, políticos, juristas, nos jovens ou nos mais velhos. É traço de personalidade inerente ao ser humano e que a gente aprimora com o tempo e diante das circunstâncias!
Desde que comecei a trabalhar e por décadas fui um empregado. Jamais me vi como um empreendedor. Jamais me vi como dono de um negócio embora sempre gostasse de ter e desenvolver algumas ideias próprias. Porém, nunca me senti à vontade para colocá-las em prática. Naquele tempo e diante das circunstâncias falou mais alto a prudência!
Em paralelo, sempre me encantei com gente arrojada que põe a vontade à frente e acima dos obstáculos atrás dos seus sonhos. Disfarçam mas não escondem certo autoritarismo para impor suas ideias. Podem não ser muito democráticos mas produzem resultados e quando isto significa pagar as contas, dentro dos limites da ética, é bom ter gente assim do seu lado.
Esse voluntarismo, em última instância, é uma das forças misteriosas que move o ser humano para frente. Como vontade sem conhecimento é prenúncio de problema não dispense boas leituras. Acredite está para aparecer algo intrínseco ao ser humano que já não tenha sido objeto de estudo por outros que passaram antes pela estrada.
Somos movidos pela necessidade. É ela que faz nosso arrojo aparecer. Em tempos em que o sonho de empreender parece ser a grande resposta, preocupe-se com as boas perguntas que a questão traz. Avalie se elas tem levam mesmo à saída. Fuja do otimismo fácil e frases de efeito boas para parachoques de caminhão mas péssimas para sua vida. A fé remove montanhas mas não paga contas!
Em 1996 as circunstâncias me levaram a empreender. Não foi uma decisão fácil e por inexperiência não fiz as perguntas certas. Errei muito, insisti e persisti mais ainda na proporção da minha ambição e necessidade. Não me arrependo mas não faltaram dias em que considerei seriamente em desistir.
Se você está na iminência de alçar novos vôos e cheio de dúvidas acredite, você não está sozinho. Tenha certeza, vontade e arrojo são um bom começo mas não bastam: conhecimento é essencial. Empreender não é para todo mundo mas não justifique sua falta de ação com isto. Pior do que fazer errado é não fazer nada! Não tenha medo de errar. O segredo é aprender e cometer erros novos!
Estamos vivendo dias de preguiça. Lemos pouco e mal. Pensamos pior ainda e acabamos paralisados porque sobra informação e falta conhecimento. Não deixe que isto transforme você em vítima das circunstâncias. Somos reféns apenas da falta de ambição, do conformismo, das próprias limitações e de um vitimismo histórico e secular. Aprenda com os erros e faça diferente se quiser fazer a diferença!