A hora de abrir um negócio é sempre agora, por Gustavo Cerbasi
É hora de começar um negócio próprio? Essa é a pergunta mais frequente que me fazem nestes tempos difíceis, muitos porque perderam o emprego e querem usar sua indenização, outros porque querem se antecipar ao risco. Fato: sempre é tempo de iniciar novas atividades, desde que haja preparação e um plano de negócios que mostre como o empreendimento se beneficiará do atual cenário e das tempestades que se projetam adiante.
Quem quiser criar uma operadora de turismo especialista em viagens ao exterior sofrerá para entrar no mercado, em cenário de dólar em alta. Mas podem-se criar bons negócios ligados a turismo local e a pacotes de preços mais baixos.
Numa crise, é mais difícil obter crédito para empreender. Exige-se maior esforço financeiro próprio do empreendedor. Sem recursos abundantes nem linhas de crédito para capital de giro, beneficiam-se os negócios que exigem menos investimentos. Daí a multiplicação dos quiosques em locais com muito trânsito de pedestres, substituindo as lojas com vitrines sofisticadas. Essa estratégia compromete menos capital e permite mobilidade, caso o ponto original não dê certo.
Quando os ventos estavam favoráveis, o consumidor comprava mais, o resultado no negócio aparecia sem muito esforço e perdas com alguns produtos, serviços e estratégias ruins eram compensadas por acertos em outras frentes. O cenário recessivo, porém, exige maior seletividade. Como o lucro é mais escasso, é essencial analisar isoladamente o resultado de cada produto, serviço, segmento de negócio e praça de atuação. O que é pouco rentável ou não dá lucro deve ser abandonado, alguns clientes devem ser descartados. O empreendedor deve se concentrar no que dá resultados.
Isso significa olhar a concorrência com outros olhos. O cliente que não é rentável para você pode ser para seu concorrente, e o cliente que não gera resultados a ele pode gerar para você. Você e o concorrente podem receber comissões por indicação mútua de clientes. Nas crises, estamos todos fragilizados, e a guerra pode matar a todos. Para sobreviver, o ideal é unir forças e se fortalecer para atravessar as dificuldades. Pequenos negócios ganham força por ser mais flexíveis.
Sim, é tempo de pensar no seu negócio próprio, não só pelo investimento, mas por sua sobrevivência ou para complemento de renda. Porém, para não colocar a perder suas reservas, mantenha-se flexível, aproxime-se de fornecedores e concorrentes e analise o resultado de cada segmento. Atenção aos números, para antecipar falhas e corrigir o rumo quanto antes.
Publicado originalmente na Revista Época em 16/11/2015.